quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Tristeza não tem fim, felicidade sim.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
A Suprema Felicidade
Admito que fui meio despretensioso em relação ao filme, tanto é que estava mais animado com minha companhia naquela noite. Eu não sei direito explicar qual foi o sentimento, mas, reduzindo a termo, o filme foi me ganhando, cena a cena, mesmo que perdido entre as heranças “pornochancháticas” e desnecessárias e os lindos diálogos realizados entre o protagonista Paulo e seu avô (Marco Nanini).
Apenas quem nunca leu ou ouviu alguma coisa do autor não percebia as nuances cômicas, filosóficas, lúdicas intrínsecas a cada cena aparentemente despretensiosa. O discurso dele estava presente ali, o que levava a acreditar até em uma autobiografia. No entanto, a característica mais presente no filme era a saudade/saudosismo. Tudo bem que o filme se passa em 1945, mas as cores, a fotografia, os personagens, os diálogos, a forma com que é abordado o amor, bem como a relação entre lucidez e loucura retratada em cada personagem ao longo do filme remetem não só à relíquias da cultura de nossos pais e avós, como também à narrativa de um antigo cinema brasileiro.
O ritmo embaralhado do filme só realça essa característica de colcha, não de retalhos, mas sim de sentimentos bons e ruins, lúcidos e confusos.
O que me deixou mais sentimental com o passar das cenas foi justamente a relação neto-avô reforçada a partir do meio do filme (são 02:05 de filme). Para começar, o Marco Nanini está genial. A atuação “transparece a vivência do antigo boêmio, entre sua sabedoria e demência, que se apaixona e casa com a prostituta de sua vida. Ele como espectador da vida de seu neto, sempre despeja suas pérolas de sabedoria de uma pessoa “bem vivida”, com certo ar de quem sempre foi um velho sábio.”
É impossível não estabelecer um paralelo com a minha história e com a relação que tenho com meu querido avô. Assim como é muito estranho ver uma pessoa que sempre foi um referencial em tudo, principalmente força e disposição para a vida, se enfraquecer e se tornar dependente, não por vontade, mas por força do tempo. Aquela verdade difícil de encarar de que nós cuidaremos de nossos “pais” sempre chega e é mais uma porrada da vida.
Esse tipo de sentimento é muito difícil de retratar mas, como disse Drummond: “As coisas findas / Muito mais que lindas / Essas ficarão.”
Enfim, o filme é bonito. Me surpreendeu e valeu a pena.