Já é noite neste domingo.
Hoje foi um dia chuvoso em um final de semana nublado na cidade ensolarada.
Aqui quando chove as pessoas andam mais rápido e as caras ficam mais fechadas.
Aqueles que não podem dividir os lençóis que usam para se cobrir se derretem com sorvete - como este que vos fala - ou com qualquer desses passatempos solitários.
Com as redes sociais os solitários nunca ficam sozinhos. Interagem com palavras mortas e fotos insípidas.
E todos são felizes no dia nublado.
Eu não sou feliz no dia nublado.
Fico chateado ao ver o céu chorando, bem como não entendo por que as nuvens insistem em esconder a luz que a lua tão charmosa quer compartilhar.
Estou com saudade da lua. Para ser mais exato estou com saudade de admirar a lua. Fora das grades do meu quarto ou das perspectivas de uma janela.
Deitar na areia da praia ou no gramado sem preocupação. Olhar para o céu e não pensar.
Bons tempos.
Hoje em dia o tempo corre rápido. As coisas vão acontecendo escorrendo pelos dedos. Projetos, planos, desejos, responsabilidades, compromissos, obrigações, ambições; vidas seguindo.
Não temos tempo para o silêncio.
O nosso silêncio agora se faz no olhar frio para informações digitais com sorrisos petrificados, frases feitas e auto-descrições.
Talvez tudo que eu precise seja ir devagar na manhã de domingo para não querer mais ir embora.