sábado, 2 de julho de 2011

Dia ruim.

Eu deveria ter aceitado a proposta dela.
Uma pena que só me dei conta disso assim que desci daquele 433.
A lapa continuava sórdida e desinteressante.
No entanto, dessa vez, o sentimento era outro. Já não era o cheiro de urina que me incomodava.
Eu via dinheiro nas esquinas. Gente bem vestida ao invés de ratos.
Antonios, Belmontes, Mofos, nem sei como o antigo cabarét das quase mulheres ainda resistia àquele ambiente. Deve ser para preservar a imagem de que a lapa um dia foi a lapa que não é hoje. A lapa dos malandros, dos madames satãs, dos cazuzas, dos satanésios.
De fato ver a famosa "travesti não é bagunça" no alto de seu salto plataforma que sustenta um semblante que sempre parece triste por ser quem não é, deixa a mensagem de que aquele não é um lugar comum.
Mesmo que eu passe por ali desde pequeno, aquele não é um lugar comum.
Ele é repleto de sonhos, desesperanças e agora dinheiro.
Não vou me dar a pretensão de falar que o dinheiro nunca esteve ali uma vez que ele está presente em tudo, mas dessa vez ele estava escancarado no sorriso dos que podem gastar em uma quarta-feira sem se preocupar.
Não que eu nunca tenha feito isso, mas é estranho ver a multiplicação de empreendimentos por lá.
Estava me dando nojo.
Virei a esquina, passei pela borracharia e pelas marias que já foram robertos.
Recebi os olhares dos que estavam no bar, vai entender quem frequenta aquilo.
Avistei meu objetivo.
Fila
!
FILA!

Tudo que eu não precisava para aquela noite.
Da próxima vez eu durmo na sua casa.

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